DO SOUL AO FUNK.(Equipe Soul FunK Machine)

Soul Brasil
Soul music é um gênero musical originário dos Estados Unidos que combina elementos de música gospel e rhythm and blues . De acordo com o Rock and Roll Hall of Fame , a alma é "a música que surgiu da experiência negra na América, através da transmutação do gospel e do rhythm & blues em uma forma de funky , secular testemunhar. " ritmos cativantes, sublinhado por palmas e os movimentos do corpo extemporânea, são uma característica importante da soul music. Outras características são uma chamada e resposta entre o solista eo coro, e uma tensa de som vocal, especialmente. O gênero também ocasionalmente usa improvisação acréscimos, rodopios e sons auxiliar.
Soul music tem suas raízes na música gospel e rhythm and blues. O vocal quartetos gospel hard dos anos 1940 e 1950 foram grandes influências sobre grandes cantores de soul dos anos 1960. O termo "alma" da música em si, para descrever o estilo de música gospel com letras de músicas seculares, é o primeiro atestado em 1961.


BLUES & GOSPEL




Ray Charles é frequentemente citado como a invenção do gênero soul com sua seqüência de hits, começando com 1954. Charles foi aberto em reconhecer a influência da Pilgrim Travelers vocalista Jesse Whitaker em seu estilo de cantar. Outra visão que ele tem uma década que transpire até Solomon Burke 's primeiras gravações para a Atlantic Records codificada no estilo soul, o seu 1960 as primeiras canções de "Cry To Me", "Just Out of Reach" e Down in the Valley "são considerados clássicos" do gênero. Little Richard (que foi a inspiração para Otis Redding ), Fats Domino e James Brown, originalmente se chamavam de rock and roll artistas. [ carece de fontes? ] No entanto, como o rock se afastou das suas origens do R & B na década de 1960 , Brown afirmou que ele sempre tinha sido realmente um & B cantor R. [ carece de fontes? ] Little Richard se autoproclamou o "Rei do rockin 'and rollin', rhythm and blues soulin", pois sua música encarnada elementos de todos os três, e porque ele artistas inspirados em todos os três gêneros. Jackie Wilson e Sam Cooke também são muitas vezes reconhecidos como antepassados alma. [ carece de fontes? ]

Aretha Franklin é 1967 gravações, como "I Never Loved a Man (The Way Eu te amo)", " Respect "(originalmente cantada por Otis Redding ) e " Do Right Woman, Do Right Man ", é considerado o apogeu do gênero alma, e estavam entre as suas produções mais bem sucedido comercialmente. [ carece de fontes? ] No final dos anos 1960, Stax artistas como Eddie Floyd e Johnnie Taylor fez contribuições significativas para a música da alma. [ carece de fontes? ] Howard Tate s gravações "no 1960 para a Verve Records , e depois para o Atlântico (produzido por Jerry Ragovoy ) são um outro corpo de trabalho notável no gênero soul. Em 1968, o movimento soul music começou a se dividir, como artistas como James Brown e Sly & the Family Stone começou a incorporar novos estilos em suas músicas.
INFLUÊNCIAS NO BRASIL
Assim como o rock, a soul music de nomes como James Brown, Otis Redding e Aretha Franklin também teve grande penetração no cenário da música brasileira dos anos 60.
Traços do balanço negro americano podem ser detectados em algumas das primeiras músicas de Jorge Ben Jor (Agora Ninguém Mais Chora, Negro É Lindo, Que Nega É Essa) e, mais flagrantemente, em outras de Wilson Simonal na fase Pilantragem (caso de Mamãe Passou Açúcar em Mim, País Tropical, Tributo a Martin Luther King). No entanto, foi um dos companheiros de Ben Jor na turma roqueira da Rua do Matoso, na Tijuca (onde também apareceram Roberto e Erasmo Carlos) quem iria iniciar a saga do soul brasileiro: Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia.
Aos 17 anos de idade, em 1959, Tim embarcou para os Estados Unidos, onde se enfronhou na black music, chegando a participar do grupo The Ideals. Já aqui, começou a compor no estilo da soul music que havia ouvido na América.
Logo sua fama começou a correr e, em 1969, Elis gravou em dueto These Are The Songs (uma das várias canções que Tim tinha escrito em inglês), que saiu no disco Em Pleno Verão. Em 1970, ele gravou seu primeiro disco, Tim Maia, um dos maiores sucessos do ano, amparado em músicas suas como Azul da Cor do Mar, um baião soulidificado (Coroné Antônio Bento, de Luís Wanderley e João do Vale) e Primavera, composição de um futuro gigante da soul music brasileira. Genival Cassiano. Paraibano, ele começou tocando violão na Bossa Trio, que deu origem ao grupo vocal Os Diagonais, que se empenhava na mistura de soul e samba na virada dos 60 para os 70. Sua carreira solo começou em 1971, com o LP Cassiano, Imagem e Som. Ainda em 1970, a soul music brasileira explodiria no V Festival Internacional da Canção, com a vitória, na fase nacional, de BR-3, canção de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, defendida por Toni Tornado, que seguiria como intérprete, em discos sempre sob a bandeira da black music. Tim Maia, por sua vez, iria década adentro enfileirando sucessos, como Não Quero Dinheiro (só quero amar), Réu Confesso e Gostava Tanto de Você. Cassiano emplacou duas: A Lua e Eu e Coleção, parcerias com o guitarrista Paulo Zdanowski. Já em 1975, apareceria a terceira grande força do soul brasileiro, ao lado de Tim e Cassiano: o baiano Hyldon, que estourou a sua balada Na Chuva, Na Rua, Na Fazenda, faixa-título de seu primeiro disco, que ainda deu os sucessos Na Sombra de uma Árvore e As Dores do Mundo.
Discípulos do funk
Quase toda ela baseada no Rio de Janeiro, a turma do soul brazuca dos 70, já tingida pelas cores mais fortes do funk e do movimento black power floresceu e revelou nomes como o do pernambucano Paulo Diniz (I Want To Go Back To Bahia), de Gerson King Combo (ex-dançarino, irmão do grande compositor da Jovem Guarda, Getúlio Côrtes, e espécie de James Brown nacional, com as músicas Mandamentos Black e O Rei Morreu (Viva o Rei)) e de Carlos Dafé (Pra que Vou Recordar o que Chorei), Robson Jorge e Miguel de Deus (do disco Black Soul Brothers). Por outro lado, a MPB também absorveu as influências do funk-soul, em trabalhos como Black Is Beautiful e Mentira, gravados pelo bossanovista Marcos Valle, e no samba-soul de Jorge Ben Jor, Bebeto e Trio Mocotó. Ivan Lins, alguns hão de lembrar, começou sua carreira nessa época desfilando o mais inconfundível acento soul, em músicas como O Amor É Meu País. Mais para o fim dos anos 70, o fenômeno dos bailes black nos subúrbios cariocas deu origem a um movimento de afirmação da negritude via James Brown que ficou conhecido como Black Rio.
Ele acabou por batizar uma banda formada por músicos oriundos dos grupos Impacto 8 e Abolição (que, sob a batuta do pianista Dom Salvador, fez soul music brasileira no começo dos 70), interessados em dar um toque de gafieira ao funk, soul e jazz importado.
O LP Maria Fumaça, de 1977, marcou a estréia da Banda Black Rio, cuja empolgante sonoridade transformou-se em objeto de culto na cena acid jazz inglesa da metade dos anos 90.
Enquanto isso, na matriz, a virulência do funk começava a ser substituída por uma versão amenizada da black music, feita para as pistas dos clubs e para o consumo de massa, sem sombra de pregação racial. Era a discoteque, de Donna Summer, Chic e Earth Wind & Fire, que teve sua melhor tradução no Brasil com as Frenéticas, atrizes-cantoras arregimentadas pelo produtor e compositor Nelson Motta para trabalharem como garçonetes da sua casa Dancin’ Days.
A casa deu título a uma novela, cuja música-tema, cantada pelo grupo, detonou a onda disco no Brasil. Outra diva disco made in Brazil foi Lady Zu (Zuleide), paulistana (São Paulo, por sinal, também teve uma forte cena black) que estourou com a música A Noite Vai Chegar.
Na mesma onda, embarcaram o insuspeito Gilberto Gil (no bem-sucedido LP Realce), Tim Maia (em Tim Maia Disco Club, que trouxe a música Sossego) e o produtor e tecladista Lincoln Olivetti (mentor do som funk-pop de Realce e de tantos outros discos da MPB), que gravou com Robson Jorge a música Aleluia, grande sucesso nas rádios.
Os anos 80 começaram com uma revelação do soul brasileiro: no Festival MPB-80 da TV Globo, a carioca Sandra (de) Sá ganhou projeção nacional ao defender a música Demônio Colorido e, no mesmo ano, gravou seu primeiro disco. Seguiriam-se ao longo dos 80 sucessos como Olhos Coloridos, Vale Tudo (antológico dueto com Tim Maia), o samba soul Enredo do Meu Samba (Dona Ivone Lara e Jorge Aragão) e Joga Fora (de Michael Sullivan e Paulo Massadas).
Embora inicialmente englobado no movimento roqueiro, a banda Brylho (de A Noite do Prazer) foi outra revelação do soul brasileiro do começo dos 80. Em suas hostes, estavam um parceiro (Paulo Zdanowski) e um discípulo (o guitarrista e vocalista Claudio Zoli) de Cassiano.
Em 1986, Zoli iniciaria uma carreira solo, que o tornou um dos grandes batalhadores da soul music nacional, ao lado de Sandra e Tim Maia, que continuou sua trajetória com sucessos, uns mais dançantes (Descobridor dos Sete Mares, Do Leme ao Pontal), outros mais românticos (Me Dê Motivo, Telefone). Outra banda do Rock Brasil dos anos 80 que fez do soul a sua base foi à paulistana Skowa e a Máfia.
A nova geração
Grande conhecedor de rock, funk e soul music, o adolescente tijucano (e sobrinho de Tim Maia) Ed Motta passou boa parte da década de 80 talhando sua voz para o estrelato.
Com o amigo guitarrista Luís Fernando, montou a banda Expresso Realengo, prontamente rebatizada de Conexão Japeri. Contratada por uma gravadora, ela gravou em 1988 (quando Ed ainda tinha 16 anos de idade) o disco Ed Motta & Conexão Japeri, que deu para as rádios balanços certeiros como Manoel e Vamos Dançar e iniciaram um novo capítulo no soul brasileiro. Afastado da Conexão, Ed sofisticou sua receita soul e gravou só com o baixista Bombom o seu segundo disco, Um Contrato com Deus, com faixas em português (Condição) e inglês (Do You Have Other Loves?).

Ed morou algum tempo em Nova Iorque, onde gravou um disco que não foi lançado (em estilo totalmente americano) e, paradoxalmente, começou a se aproximar da música brasileira (que costumava rejeitar).
Em 1992, o cantor gravou o jazzístico e retrô Entre e Ouça, um fracasso comercial no qual foi incorporada mais uma língua às canções: o edmottês, que surgia quando ele tentava letrar seus scats.
A primeira mostra da assimilação da música brasileira (de compositores harmonicamente sofisticados, como Tom Jobim, Edu Lobo e Guinga) foi na canção Falso Milagre do Amor, tema de abertura do filme Pequeno Dicionário Amoroso (1997), de Sandra Werneck.
No mesmo ano, Ed Motta lançou o disco Manual Prático Para Bailes, Festas e Afins Vol. 1, no qual ele conseguiu enfim aliar a elaboração musical ao apelo popular – músicas como Fora da Lei, Daqui Pro Méier e Vendaval ajudaram-no a fazer as pazes com o sucesso.
Ed Motta reinou nos anos 90 – e levou adiante o cetro do tio, que morreu em 1998 –, mas uma série de nomes não deixou que o Soul Brasil ficasse como monopólio.
Caso de Sandra de Sá (que lançou o disco tributo a Tim, Eu Sempre Fui Sincero e Você Sabe Muito Bem), Conexão Japeri (que ainda gravou dois discos sem Ed), Edmon Costa, Zé Ricardo, As Sublimes, Ebony Vox, Lúci e Léo M (filho adotivo de Tim Maia), só para ficarmos com os cariocas.
Ainda no Rio, surgiu no começo da década uma vertente mais melódica, de inspiração soul, do rap Miami Bass tocado nos bailes funk. Batizada de Funk Melody, ela revelou nomes como Latino, Claudinho & Buchecha, Copacabana Beat e Marcinho & Goro.
DAÍ PRA FRENTE O FUNK JÁ NÃO ERA MAIS FUNK , NA MINHA OPINIAO.
FUNK DÉCADA DE 90.




O soul-funk carioca tornou-se quase um subgênero nos anos 90, servindo de base para trabalhos de artistas gestados no cenário do pop-rock 80, como a ex-Blitz Fernanda Abreu (uma espécie de rainha samba-funk-disco extemporânea) e Lulu Santos (a partir do disco Assim Caminha a Humanidade, de 1994).
São Paulo, porém, deu as caras na área soul, em duas vertentes.
Uma foi a dos artistas de rap que avançaram pelos terrenos do groove e das melodias: Sampa Crew, Thaíde & DJ Hum e Bennê.
Outro, o dos que exploraram as modernidades soul apresentadas por americanos como Prince, TLC, Maxwell e Babyface (num gênero também conhecido como R&B).
É o caso de bandas como a Fat Family e artistas como João Marcelo Bôscoli e Pedro Camargo Mariano (filhos de Elis Regina), Maurício Manieri e, fechando o ciclo do soul brasileiro, Max de Castro, filho de Wilson Simonal, que no começo de 2000 lançou o conceitual Samba Raro.
Funk é o termo genérico para uma variedade originária da música americana Africano que se desenvolveu no final dos anos 1960 a partir de várias influências de Soul, Rhythm and Blues e Jazz, e tem estilos vez em forma de música, tais como disco, hip-hop, hard rock ou parcialmente afetadas.características estilísticas significativas do rádio original é repetitiva, ao contrário de outros R & B estilos sim "um", enfatizou ritmos básicos, linhas de baixo sincopado e chifres acentuados e guitarra base na interação com os vocais da alma. Muitas vezes, os atos cantando, mas também mais percussiva do que melódico. Ganhou maior popularidade do rádio pela primeira vez pela música de James Brown e Sly Stone.

FUNK CARIOCA (FONTE http://www.efdeportes.com/efd8/funk8.htm)

O mundo funk foi melhor descoberto pela sociedade brasileira a partir do dia 18 de outubro de 1992, quando em um dia de domingo ensolarado, um grande 'arrastão' incomodou o lazer dos que estavam na praia e colocou em alerta a população do Rio de Janeiro. Isto é, diversas gangues de jovens brigaram entre si, enquanto simultaneamente roubavam os pertences das pessoas que utilizavam a praia como principal área de lazer. Essas imagens foram veiculadas no mundo inteiro, mostrando a cultura funk como exaltação da violência e do caos urbano e trazendo à tona uma manifestação que muito faz parte do cotidiano de uma camada significativa da população, principalmente dos mais pobres.

A presença do funk na vida da maioria dos jovens é tão marcante que alguns procedimentos vivenciados por eles em bailes deste gênero cultural são transportados para a sociedade, retratando a sua força simbólica e seu significado de protesto, mesmo que desorganizado.

Na verdade, o funk é um descendente do gospel(soul ~~> sigmificado alma), a música que os negros cantam nas igrejas batistas dos Estados Unidos da América.

O funk (soul) teve seus primeiros momentos nos anos 30/40 deste século, quando grande parte da população negra migrava das fazendas do sul para os grandes centros urbanos do Norte dos Estados Unidos.

A música negra passa a ter uma conotação política a partir dos anos 60, tendo sido o Soul uma vertente musical muito importante para o movimento de direitos civis e para a conscientização dos negros americanos, onde se destacam os movimentos "Black Power" e "Black's Beautiful".

O funk surgiu do enfraquecimento do potencial revolucionário do Soul, devido a sua grande comercialização. O termo funk, que surgiu no interior do Soul, significa etimologicamente algo agressivo.

No Brasil, o funk (soul) surgiu no Rio de Janeiro, no começo dos anos 70 em festas realizadas em uma das principais casas de shows do Rio naquele período (conhecida como 'Canecão'). Inicialmente o movimento teve conotação mais estética do que o movimento norte-americano, onde se destacavam preocupações com as roupas, sapatos, hábitos, costumes, etc.

Já nesse período, os bailes da periferia começavam a atrair multidões. Disseminados para os clubes da Zona Norte da cidade, zona mais pobre da cidade, logo lograram uma grande aceitação entre os jovens, se transformando em uma de suas principais atividades de lazer nos fins de semana.

Cabe ressaltar que o surgimento do funk, desde o seu início, foi marcado por uma forma de contestação, até mesmo agressiva. Provavelmente o movimento tem raízes fortes como resistência à marginalização da sociedade capitalista e racista; ao processo de exclusão do mercado de trabalho que impossibilitava os jovens de ter completo acesso aos direitos de comprar, consumir e oferecer sua força de trabalho.

Para compreender melhor o mundo funk carioca, é preciso fazer uma abordagem interpretativa (GEERTZ, 1992)1 no seu principal locus, a festa funk. É preciso entender como esta festa de exaltação da violência e da quebra das regras estabelecidas da convivência têm a música e a violência como eixo fundamentais. Pensar o mundo funk como propagador da violência é relativizar a permanente negociação e interação entre os grupos rivais no que diz respeito a recriação dos códigos de violência no âmbito do lazer e da sociabilidade juvenil.

Estes são movimentos de contestação, mesmo que orientados para a produção de mais violência, onde a postura do grupo predomina em detrimento da postura individual. E é com este posicionamento agressivo, como a ponta de um iceberg, que a festa funk demonstra a representação de processos simbólicos que organizam a vida social nas favelas, de onde a grande maioria dos funkeiros são oriundos.

FUNK 2010.




Contemporaneamente, podemos observar como a cultura espontaneamente produzida pelos indivíduos vem sendo utilizada como um meio para o alcance de objetivos de determinados segmentos de nossa sociedade.

Desde os primórdios da história o processo de dominação de uma classe social por outra não se dá somente pela ação coercitiva dos exércitos. Para concretizar novos domínios era preciso desestruturar culturalmente os povos dominados (VASCONCELOS, 1993, p. 22)2 . Desta forma ataca-se a identidade original do povo para que este assuma a identidade do dominador. As manifestações da cultura corporal se revelam vítimas desse contexto, onde a originalidade de seu conteúdo, advinda da produção da sociedade, é de diferentes formas moldada de acordo com o interesse sócio-político-econômico dos grupos que detém o poder.

O Movimento Funk, enquanto expressão cultural, se encaixa neste raciocínio, sendo hoje alvo garantido dos veículos da comercialização3 .

Conforme já citado, o funk emergiu inicialmente como forma contestatória de determinado segmento social, num nítido exemplo de um cultura produzida espontaneamente pelos indivíduos. No entanto, passo a passo a ação da indústria cultural vem subvertendo esta manifestação segundo seus interesses comerciais e ideológicos. Assim, estabelece-se um processo de pseudo-democratização deste gênero cultural, onde:"Longe de 'democratizar' um bem cultural, a indústria cultural, ao produzir ou reproduzi-lo (em série), tornando-o acessível a todos, passa a oferecê-lo, juntamente com sabonetes, automóveis, sapatos e outros produtos de consumo, descaracterizando-o, utilizando-o para vedar os olhos do consumidor, distorcer sua percepção, embalá-lo em ilusões , subverter seu senso crítico" (FREITAG, 1987, p. 57)4 .

Para além da descaracterização da originalidade da cultura comercializada, a indústria cultural alcança seu maior intento quando, pela subversão cultural, promove em larga escala a inibição do senso crítico, trabalhando na trilha da amortização social, uma vez que,

"O produto (original ou reproduzido) da indústria cultural visa, em suma, entorpecer e cegar os homens da moderna sociedade de massa, ocupar e preencher o espaço vazio deixado para o lazer, para que não percebam a irracionalidade e injustiça do sistema capitalista, no qual estão inseridos como marionetes, atuando no interesse da perpetuação ad infinitun das relações de produção alienantes e exploradoras. A indústria cultural preenche assim sua função por excelência, de seduzir as massas para o consumo, para que esqueçam a exploração que estão sofrendo nas relações de produção" (ibid., p. 57).

Nesse processo de perda de identidade, as manifestações de violência no funk se acirraram ainda mais.

No entanto, mesmo a despeito da atuação da indústria cultural, ainda é possível encontramos em algumas comunidades do Rio de Janeiro uma prática 'funkeira' que busca manter as tradições de originalidade do movimento, estabelecendo o que poderíamos considerar uma cultura de resistência.

Entendemos que a existência desta cultura de resistência pode nos possibilitar o resgate de uma série de valores críticos oriundos da produção original do funk, constituindo-se a escola pública locus privilegiado para a discussão deste enfoque.

Após uma convivência de aproximadamente cinco meses com os alunos da Instituição mencionada, percebemos o quanto o funk se fazia presente em seu cotidiano, principalmente no vocabulário e hábitos.

Este quadro nos retratava a cada instante a função simbólica que a prática da cultura do funk era capaz de exercer sobre o comportamento dos alunos. A presença do funk na vida da maioria destes alunos é marcante de tal forma, que alguns procedimentos vivenciados por eles em bailes deste gênero cultural eram em certa medida transportados para o ambiente escolar, gerando problemas de ordem diversas ao processo ensino aprendizagem.

FUNK DE UM FUTURO PRÓXIMO DESEJADO.

OBJETIVO DO PROJETO VIRADA DO SOUL, DO PONTO DE VISTA MUSICAL (Youtub - Vídeo postado por mcnegoblue)




ORIGENS DO FUNK
Os músicos negros norte-americanos primeiramente chamavam de "funk" à música com um ritmo mais suave. Posteriormente passaram a denominar assim aquelas com um ritmo mais intenso, agitado, por causa da associação da palavra "funk" com as relações sexuais (a palavra "funk" também era relacionada ao odor do corpo durante as relações sexuais). Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão para músicos posteriores: uma música com um ritmo mais lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas ("riffs") e principalmente dançante. Funky era um adjetivo típico da língua inglesa para descrever estas qualidades. Nas jam sessions, os músicos costumavam encorajar outros a "apimentar" mais as músicas, dizendo: "Now, put some stank ('stink'/funk) on it!" (algo como "coloque mais 'funk' nisso!"). Num jazz de Mezz Mezzrow dos anos 30, Funky Butt, a palavra já aparecia.

Devido à conotação sexual original, a palavra "funk" era normalmente considerada indecente. Até o fim dos anos 50 e início dos 60, quando "funk" e "funky" eram cada vez mais usadas no contexto da soul music, as palavras ainda eram consideradas indelicadas e inapropriadas para uso em conversas educadas.

A essência da expressão musical negra norte-americana tem suas raízes nos spirituals, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Na música mais contemporânea, o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. O funk se torna assim um amálgama do soul, do jazz e do R&B.

James Brown, e o funk como gênero musical

Somente com as inovações de James Brown e Sly and the Family Stone em fins dos anos 60 é que o funk passou a ser considerado um gênero distinto. Na tradição do R&B, estas bandas bem ensaiadas criaram um estilo instantaneamente reconhecível, repletos de vocais e côros de acompanhamento cativantes. Brown mudou a ênfase rítmica 2:4 do soul tradicional para uma ênfase 1:3, anteriormente associada com a música dos brancos - porém com uma forte presença da seção de metais. Com isto, a batida 1:3 virou marca registrada do funk 'tradicional'. A gravação de Brown feita em 1965, de seu sucesso "Papa's Got a Brand New Bag" normalmente é considerada como a que lançou o gênero funk, porém a música Outta Sight, lançada um ano antes, foi claramente um modelo rítmico para "Papa's Got a Brand New Bag."

Nos anos 70, George Clinton, com suas bandas Parliament, e, posteriormente, Funkadelic, desenvolveu um tipo de funk mais pesado, influenciado pela psicodelia. As duas bandas tinham músicos em comum, o que as tornou conhecidas como 'Funkadelic-Parliament'. O surgimento do Funkadelic-Parliament deu origem ao chamado 'P-Funk', que se referia tanto à banda quanto ao sub-gênero que desenvolveu.

Outros grupos de funk que surgiram nos anos 70 incluem: B.T. Express, Commodores, Earth Wind & Fire, War, Lakeside, Brass Construction, Kool & The Gang, Chic, Fatback, Zapp, Instant Funk, The Brothers Johnson, Skyy, e músicos/cantores como Rick James, Chaka Khan, Tom Browne e Prince.

Nos anos 80 o funk tradicional perdeu um pouco da popularidade nos EUA, à medida em que as bandas se tornavam mais comerciais e a música mais eletrônica. Seus derivados, o rap e o hip hop, porém, começaram a se espalhar, com bandas como Sugarhill Gang. A partir do final dos anos 80, com a disseminação dos samplers, partes de antigos sucessos de funk (principalmente dos vocais de James Brown) começaram a ser copiados para outras músicas pelo novo 'fenômeno' das pistas de dança, a house music.

Nesta época surgiu também algumas derivações do funk como o Miami Bass, DEF, Funk Melody e o Freeforbidden que também faziam grande uso de samplers e baterias eletrônicas. Tais ritmos se tornaram combustível para os movimentos Break e Hip Hop.

Os anos 80 viram também surgir o chamado 'funk-metal', uma 'fusão' entre guitarras distorcidas de heavy-metal e a batida do funk, em grupos brancos como Red Hot Chili Peppers e Faith No More.

No Brasil, o Funk popularizou-se com os bailes da pesada organizados pelos djs Big Boy e Ademir Lemos nos anos 70, no Canecão, com a popularização de alguns artistas como Tony Tornado. Na época a música era conhecida como soul, shaft ou soul-funk, derivando depois para simplesmente funk. Os bailes eram conhecidos como bailes black.

No final dos anos 70 os bailes entraram em decadência, mas sobreviveram no anonimato, longe da mídia nos chamados bailes funk do subúrbio carioca, comandados pelas equipes de som e seus djs.

Em meados dos anos 80 o funk volta a ter alguma projeção na mídia, com programas de rádio e tv independentes , em horários alugados. Até aquela época os bailes funk tocavam apenas música americana, e os freqüentadores dos bailes cantavam, em coro, versões em português, geralmente com palavrões, deboche e referência à violência. Surgiu então o famoso "É o bicho! É o bicho! Tá legal! Tá Legal". Em 1987, Hermano Vianna, antropólogo, publica O Mundo Funk Carioca, relatando o cotidiano dos bailes funks do subúrbio, explicando até a origem do refrão "é o bicho!".

A dança Break também marcou época nos bailes funk dos anos 80.

A música tocada nos bailes era conhecida como Funk genericamente, mas se identificavam principalmente o Miami Bass e o Freeforbidden. O Miami Bass, era repleto de letras com palavrões e insuações eróticas. Ironicamente, a maioria dos frequëntadores de bailes funk não entendia as letras em inglês, mas adaptavam, pelo ritmo e som aproximado das palavras, refrões tão ou mais chulos e obscenos que os originais. Um dos grupos de maior sucesso foi, sem dúvida, o Two Live Crew.

O Funk era conhecido também como balanço, provavelmente devido ao modo de dançar balançando o corpo. Porém, Hermano Vianna, durante seu trabalho, "apresenta a flecha ao índio", apresentando ao DJ Marlboro uma bateria eletrônica. Marlboro então, entusiasmado com o projeto, junta-se com Ademir Lemos, Cidinho Cambalhota e outros promotores de bailes e lança o lp Funk Brasil, com músicas em português, em 1989.

O Funk populariza-se onde antes havia preconceito contra ele e algumas discotecas frequentadas pela classe média passam a tocar funk e até a fazer noites só de funk. Até então havia uma discrinação na música, onde o funk era visto como coisa de favelados, enquanto outros ritmos dançantes era admitida, como a chamada house music. Com a admissão do funk surgem algumas remixagens de músicas criando o funk house.

A partir daí a história começa a mudar, com muitas equipes de som, e o próprio DJ Marlboro lançando novos lps com músicas em português. Paralelamente, o Brasil batiza um ramo do Freeforbidden romântico como Funk Melody, que no início dos anos 90 fez sucesso com as estrelas Stevie B. e Tony Garcia (na verdade um produtor de discos de Freeforbidden). Surge então o Funk Melody nacional com letras em português, em geral traduções de músicas americanas.

Em meados dos anos [90], há uma pequena reviravolta no mundo Funk, com as equipes de som promovendo festivais nas favelas onde havia bailes, e lançando em discos as gravações lá realizadas.

Assim surgem uma série de MCs cantando funk nacional, agora também utilizando o nome rap, embora em menor escala, já que o termo funk estava consagrado pelo uso.

No final dos anos 90, com a facilidade de gravação de cds, a sociedade carioca começa a ser invadida pelo chamado proibidão e o funk de putaria. Na verdade, já existia antes, mas sua audiência era restrita às favelas, mas com a gravação de cds tornando-se barata, as cópias de discos passaram a ser encontradas em toda a cidade.

Paralelo a isso, em Sâo Paulo, desde os anos 80 havia uma outra vertente do funk, mais identificada como rap, que organizava seus bailes na periferia, alguns ao ar livre, onde predominava o estilo rap de protesto e contestação, embora alguns grupos como Sampa Crew estivessem mais para o estilo Miami Bass. Podia-se identificar então o Funk carioca como sendo a versão nacional do Miami Bass e o Rap de São Paulo como sendo a versão nacional do rap de Nova York.

Realmente o funk com o ritmo Miami Bass também ficou conhecido no Brasil como funk carioca, evidentemente não no Rio de Janeiro onde é conhecido apenas como funk.